
Ela sentou-se na soleira da porta. Estava sozinha como sempre, e sua bagagem pesava mais do que seu corpo poderia suportar.
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Sentiu as primeiras gotinhas finas caindo.
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Não ouvia passos, nem vozes. O mundo estava um deserto naquele minuto, e a solidão em sua alma era poderosa como uma tempestade de areia. Ela ainda sentia as gotinhas... mas já não sabia de si.
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Estar só ou ser só? Não dá pra distinguir quando não se conhece outro sentimento. Estar alheio ao mundo é também ser alheio para o mundo. Quanto peso...
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Ela debruçou-se sobre a bagagem, aguardou. Havia passos mas não do seu destino; era do destino de outra pessoa. Esperar para ela já havia se tornado um hábito. E isso também pesava.
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Do outro lado do seu pensamento, ninguém respondia. Nem responderia mesmo. Seu destino jamais cruzava com ela, mas ela insistia.
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Percebeu a chuva. Sentiu. Se arrependeu...Levantou-se e caminhou pela estrada, com sua pesada bagagem... sabia o que a aguardava. Mas seu destino tão cedo não daria notícias.
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Ela apenas queria ir embora.